VESPERAL

        VESPERAL

             Carlos de Faria Souto

Em púrpuras o sol tomba no poente!
Morre no espaço a luz: - a noite desce.
Invade a sombra e mansamente cresce;
Ângelus soa trêmulo e morrente.

Harmônica, a flutuar virginalmente,
Vagueia em pleno ocaso esquiva prece:
É o mundo de joelhos que adormece
Numa unção evangélica de crente!

Dilui-se a Terra num espasmo loiro;
Floca-se a Via Láctea de Astros d’oiro,
Numa metamorfose de crisálida!

E da raia triunfal dos flavos círios
Surge a lua, essa Monja dos Martírios,
Trêmula, e lívida... muito alva e pálida...

(Revista BALI, página 18)


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