DESENCONTRO
c. a. BEIRAL (1915-1999)
Creio que certa vez –
eu não sei quando –
cruzei no seu
caminho, sem que O visse,
sem perceber que
estava me esperando,
não ouvindo,
destarte, o que me disse...
Depois, ao pé do
Monte, miserando,
não esperei, sequer,
que me servisse
dos pães e dos
peixinhos que ia dando,
sem que tampouco seu
Sermão ouvisse.
Não me esqueceu e a
outros mais ingratos,
nem de Judas, nem
mesmo de Pilatos
que por fraqueza
humana o condenou,
já que na cruz
injusta erguendo a voz,
ao suplicar perdão
por todos nós,
também minha
ignorância perdoou!...
(Do livro UMA LUZ NA
NOITE, página 23)
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