TROVAS
DE MARIA THEREZA CAVALHEIRO
A
lua, em noite escampada,
na
orquestra que Deus conduz,
seguindo
a pauta da estrada,
é
uma sonata de luz.
A
luz do dia esmorece...
O
amarelo perde a cor...
A
Deus se eleva uma prece
dos
lábios de cada flor.
A
noite lança uma seta,
pois,
caçadora, é o seu fado.
E
a tarde cai, rubra e quieta,
qual
pássaro ensanguentado.
A
nossa vida é fugaz...
É
bom partir sem revolta...
Quem
vem ao mundo já traz
uma
passagem de volta!
A
prisão é desconforto,
ainda
que em doce lar…
Se
a família é mesmo um porto,
que
ponha os barcos ao mar!
(ENCANTO
DAS TROVAS, VOL. III, JOSÉ FELDMAN)
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