MENINO TRISTE

MENINO TRISTE – (ICARAÍ, MAIO DE 1955)
MÁRIO BARRETO FRANÇA

Carinha suja de menino triste,
roupinha em trapos, suplicante olhar,
chegar o trem toda manhã assiste,
à espera humilde de trabalho achar...

Menino pobre da cidade, fiz-te
o meu cuidado bem particular,
que o teu futuro em garantir consiste,
dando-te o pão, o estudo, a crença e o lar.

Poucos te notam; dormes ao relento;
o teu cabelo grande e sujo, ao vento,
drapeja um sonho de ventura em pó...

E, na cidade lúbrica e agitada,
há tanta coisa e não consegues nada,

há tanta gente e vives triste e só!...

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