ÂNSIA DERRADEIRA

ÂNSIA DERRADEIRA
(A amargura do poeta – maio de 1955) 
Mário Barreto França

Senhor, não sei qual seja o teu intento
Nem o que tens guardado para mim,
Porém, em face do meu sofrimento,
Tenho vontade de chegar ao fim...

Tu bem sabes, Senhor, que eu me contento
Com a pobreza e a orfandade de onde vim,
Mas este dissabor frio e cruento
Me traz o anseio de chegar ao fim...

Pela revolta que o meu ser invade,
A amargura que eu sofro é merecida;
Mas, Senhor, não a aumentes tanto assim...

E, se isto não te ofende a santidade,
Apaga a frouxa luz da minha vida,
Pois tenho pressa de chegar ao fim...




Comentários